Aqueles que ficam “ralam” para guardar dinheiro e fazer do final do ano um momento inesquecível, suplantando a dor que a distância traz. Esse é a época de fazer planos, traçar metas e analisar resultados, entretanto, a realidade por aqui se apresenta totalmente diferente da vivida antes de cruzar oceanos e a multiplicidade opções quanto ao futuro são imensas. Por aqui, todos seus ideais e aspirações podem virar de cabeça para o ar, como diria um amigo: “O mundo dá muitas vodcas”.
Essa terra tão distante, também chamada de novíssimo mundo, realmente me apresenta um ângulo diferente da época que vivia no Brasil. Aqui economista vira jardineiro, administrador vira pintor, e o universitário, garçom…
Até ai tudo bem, nada mais natural do que estrangeiros se “sujeitarem“ a trabalhar em algum “subemprego” para sobreviver enquanto aprende a língua do país, mas aqui muitos australianos também escolhem esse caminho. As palavras entre aspas deixam de fazer sentido. Eles não se sujeitam e sim optam por um trabalho mecânico e menos intelectual, tão desvalorizados, monetária e moralmente no Brasil, mas que por aqui são apenas mais uma escolha.
Romper a barreira do próprio preconceito é muitas vezes árduo, como pode eu com um diploma de economista trabalhar no Subway fazendo lanches? O que eu estou fazendo da minha vida? Perguntas como essa são feitas quase que diariamente. Às vezes a ficha demora a cair que isso pode ser apenas uma opção. Quem preferir pode poupar tempo e esforço, trabalhando apenas o suficiente e levando a vida em uma velocidade amena, mas existe espaço para aqueles que trabalham nesses tais subempregos, estudam pesado e conseguem continuar suas carreiras em terras estrangeiras, ou, então, encontram uma carreira detentora do tal status que estamos tão acostumados.
Junto com essa mudança de paradigma, vem as intempéries de uma vida independente. Aqui muitos descobrem a realidade, estouram a bolha de proteção e vão de encontro com um mundo encantador, cheio de liberdade e repleto de armadilhas e suor. Sinceramente, fica meio difícil fugir do que todos já sabem: largar o conforto de casa é sempre duro, mas é essencial. Para essa ruptura não é necessário sair do país e fazer um intercâmbio, mas é impossível negar que, dessa maneira, o corte do cordão umbilical fica muito mais interessante.
Apesar desse primeiro confronto com a vida real, tendo que ganhar a grana que vai pagar a comida do dia seguinte, sendo obrigado a limpar, lavar, cozinhar e ainda arrumar tempo para estudar, a vida aqui é fácil. O tempo passa voando e em um piscar de olhos o primeiro ano se foi. O “way of life” australiano é apaixonante, mas isso é assunto para um novo post em um novo ano.
Que venha 2012!
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