Viver em um país diferente e estudar por lá já é, por si só, uma aventura e tanto. Entretanto, para muitos intercambistas, essa viagem ganha uma importância ainda maior: a primeira experiência fora de casa. A distância dos pais e da terra natal podem causar um certo receio no início, mas os resultados positivos e a própria vontade de sair do ninho e desbravar o mundo motivam muitas pessoas a buscar um intercâmbio.
É o caso de Juliana Domingos de Lima, estudante de jornalismo da USP. Por ter frequentado a faculdade na mesma cidade em que nasceu e não ter tido essa transição ao sair da escola, Juliana já tinha esse desejo de sair da casa dos pais antes mesmo da ideia do intercâmbio surgir. “E acabou casando com o momento do intercâmbio ser um espaço e uma independência com os quais eu sonhava, e fazer isso em outro país acabou não sendo tão doloroso, apesar de, claro, ser mais difícil”, relata a estudante.
As mudanças podem ser sentidas na própria rotina: a ausência dos pais e a vida encarada sozinha em um local com pouquíssimas pessoas conhecidas é uma das principais dificuldades enfrentadas por esses intercambistas. Cozinhar, limpar, organizar tudo e até mesmo as funções mais banais tomam uma nova perspectiva durante esse período.
Juliana, que agora faz o intercâmbio em Grenoble, na França, ressalta principalmente as diferenças culturais nesse quesito. “Em relação aos outros colegas, que são na maioria europeus, todos já estudavam e moravam fora de casa antes de vir. Aqui é meio regra os filhos saírem de casa na universidade”, explica.
Entretanto, a intercambista encara toda a vivência lá fora com uma visão positiva, vendo que as modificações estão vindo para o bem. Ela relata ainda: “Para mim é duplamente extraordinário, primeiro por ser um país diferente, com estranhamentos de todos os tipos no dia a dia. E depois pela liberdade, pelo fato de pela primera vez ser dona do meu espaço e dos meus horários, que acho que quem já levava uma vida de estudante longe dos pais antes subestima”.
Bastante da experiência depende, portanto, de um aspecto subjetivo do intercambista, que deve encarar tudo que se passa no intercâmbio como uma experiência de aprendizado. Segundo Juliana, as maiores dificuldades ficam por conta dos preços em outros países, como é o caso da França. Ela menciona o alto custo de vida bruto, com transporte, comida e aluguel, como sendo sua principal preocupação e dor de cabeça em sua viagem.
Ela cozinha bastante, porque segundo ela “sai mais em conta e é mais gostoso”. A estudante acabou descobrindo também que essa atividade, além de uma obrigação, traz prazer. Juliana também comenta do restaurante universitário, com preço subsidiado, mas com limitações como horário e preço.
Para quem também se preocupa com a questão de antemão, a intercambista dá a dica: aplicativos de celular. “Antes eu anotava tudo em um caderninho, mas claro que isso não é nada prático e agora lanço tudo em um app. Ajuda bastante. A melhor maneira para não perder de vista o quanto se gasta é ter essa rotina de ir registrando tudo”, explica ela.
Os relatos misturam uma ansiedade boa em voltar e sentir o contraste com a vida anterior e as futuras memórias dos perrengues, sempre recordados com carinho, “a lembrança desse cordão umbilical cortado aqui vai se misturar com a saudade do intercâmbio”. Ela cita ainda a ajuda inestimável da mãe, que mandava receitas e instruções da máquina de lavar roupa pelo celular. Em troca, ela diz mandar receitas de pratos preparados com sucesso.
Para ela, os diversos fatores da vida cotidiana em outro país se somam em um período de muito crescimento pessoal e amadurecimento. “Acho que só vou saber mesmo da importância que isso teve quando eu voltar, então vou poder ver de fato como os novos hábitos contrastam com a vida de antes. Mas já sinto que amadureci bastante”, conclui.
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